Hoje me disseram que meu discurso é incoerente. Que ajo opostamente às minhas palavras.
E aí eu pergunto, senhoras e senhores: não somos todos hipócritas? Nós todos mascaramos mta coisa, todos os dias... Lei da selva. Instinto de sobrevivência...
"No silêncio do camarim a atriz maqueia a face marcada pelo tempo. Veste mais um de seus figurinos puídos. Olha-se no espelho. Seca a lágrima insistente. Ensaia o sorriso do dia. Caminha até o palco relembrando o texto cuidadosamente escrito, próprio para aquele público. Para a pequena e fiel platéia que a espera em seu momento de diva. Sobe no palco com o pé direito e diz "merda!" bem baixinho, quase uma reza.
Terminado o espetáculo, recebe com sincera gratidão a rosa oferecida e emociona-se com os aplausos. "Desliga-se" ao descer do palco. Segue rápido para o camarim, ávida por desfazer-se daquela personagem medíocre, tão segura e serena. Tão diferente de si.
Bate a porta. E no silêncio escuro da sua verdade ela se permite rasgar-se. E, sendo ela, deixa aflorar toda e qualquer sensação. Cai por terra todo fingimento. A atriz volta a ser apenas uma mulher com seus sedutores mistérios."
Nem sempre sou capaz de ser assim tão sincera. Mas eu fui.
Eu queria um afago e não a verdade escancarada. Isso eu sou capaz de enxergar sozinha, trancada em meu silêncio sereno de espera.
Sou um ser que sente, percebe e, acima de tudo, procura compreender.
Mesmo num momento de crise.
E por fim, me deparo lembrando de um filme relativamente antigo, de uma cena em que ela diz:
“Lembre-se: eu sou só uma garota, parada na frente um garoto, pedindo que ele a ame”
Adeus!
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